Padre Cícero é uma figuras mais complexas de nossa história, e em torno dele toda sorte de histórias foram e são contadas, algumas verdadeiras, outras caluniosas, e algumas folclóricas, e será justamente nestas que focarei nesta série de publicações.
Conta o povo que em uma das muitas propriedades que o padre possuía, trabalhava um vaqueiro chamado Antônio Gomes de Freitas, que diante de uma situação complicada, foi tratar com o patrão e recebeu um conselho inusitado.
Na propriedade que ele cuidava, existia um boi metido a ladrão e a valente, o animal de grande porte estourava com frequência o cercado e consumia do pasto alheio, o que gerava inúmeras e justas reclamações do vizinho. Ademais, o touro não obedecia comandos, e era comum avançar contra o vaqueiro e seus auxiliares.
Informado da situação, o Padre Cícero deu o seguinte conselho:
– Olhe, meu amiguinho, volte e diga a esse boi teimoso que eu mandei dizer que ele deixe de roubar o pasto alheio, porque Deus não gosta de ladrão.
O vaqueiro ficou contrariado, mas não quis desobedecer ao padre e tratou de cumprir a ordem, lá chegando encontrou o touro na comum desobediência, e afirmou:
– Olha aqui, seu boi ladrão, meu padrinho mandou lhe dizer que você deixe de roubar o pasto alheio, porque Deus não gosta de ladrão.
O boi saiu em disparada, urrando aos quatro cantos, e nunca mais estourou cerca, nem roubou o pasto alheio.
P.S. História baseada em trecho do livro “Padre Cícero – A sabedoria do conselheiro do sertão” de Daniel Walker