Missão Nova segue sendo uma caixinha de surpresas. Recentemente incluí aquele distrito em minhas expedições, e a cada viagem, uma nova surpresa, um novo detalhe. Há pouco mais de dois meses, recebi a recomendação de visitar o casarão do Cel. Pedro Raimundo da Cruz, mas por conta das muitas demandas do lugar, a visita foi postergada.
Finalmente, no final de janeiro, consegui localizar o imóvel, tarefa que não é difícil, dada as dimensões do casarão e seu complexo. O grandioso chalé foi edificado em meados de 1928, ano em que o Cel. Pedro Raimundo fincou raízes em Missão Nova.
Dono de várias prioridades, era no casarão de Missão Nova que o coronel tinha parada certa. Totalmente alpendrado, o imóvel possui ladrilhos hidráulicos na varanda e também no interior, seu conjunto de colunas é robusto e bem acabado, e vizinho a ele, estão dois anexos interessantes.
O primeiro é o armazém, de generosas dimensões, responsável por guardar a produção daquela e de outras fazendas. O segundo é o conjunto de garagem e suítes, pois o coronel era deveras moderno.
Adepto aos geradores de energia, Cel. Pedro também aderiu cedo ao uso do ar condicionado, quem denuncia isso é o vazio na parede de seu quarto, onde outrora estava o maquinário responsável por deixar o clima colonial.
Em sua garagem, inicialmente preenchida pelos Willys Overland, a saber, Jeep Universal e Rural, ele ergueu suítes laterais. Firme em suas posições, não deixava filho entrar após o encerramento dos ferrolhos das firmes portas do casarão, quem quisesse apreciar o sereno até mais tarde, dormiria nos quartos externos.
Ali, justamente naquele anexo, o coronel mandou instalar uma televisão. Aparelho caro na época, somente pessoas de seu porte financeiro tinham acesso, mas ele optou por torná-la pública, deixando o terreiro do casarão ser preenchido pelos seus moradores e vizinhos, ávidos pela programação das emissoras transmitidas na região.
Em minha visita, encontrei o chalé em condições lamentáveis. O mato bastante alto, os anexos esquecidos, mas a casa grande intacta, parada no tempo. Fui guiado por “Seu Tonhero”, que ali viveu e viu muitas coisas, principalmente os dias de moenda do engenho, o cheiro de mel de cana, nos tempos áureos do garboso casarão, que espero eu, tornem em breve.
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