Hoje a Praça Padre Cícero é um dos pontos mais importantes de Juazeiro do Norte, mas no Séc. XIX e início do Séc.XX, quando ainda era apenas um recorte de terra sem infraestrutura, com várias árvores e até um poço de argila, o local era um dos pontos de encontro dos ébrios do vilarejo.
No local onde hoje está a estátua em bronze do Padre Cícero, existia um frondoso cajueiro, onde havia ajuntamentos para sambas e rodas de viola, sempre regadas a muita cachaça “Sete Braças”, daquelas que se toma um gole aqui, e se cai sete braças depois.
O Padre Cícero, que ainda era jovem e muito disposto, acostumado a percorrer longas distâncias a pé e a agir energicamente contra essas festas, que ele condenava veementemente, era a figura responsável por desmanchar as rodas de samba. Munido com seu cajado, que se fazia pesar na cabeça e no espinhaço de quem fosse teimoso ou lento, “Seu Padre”, como era chamado, botava os beberrões pra correr somente ao ser avistado na esquina.
Certo dia, avisaram ao padre que no cajueiro já estava reunida uma grande quantidade de pessoas, bebendo e dançando. O sacerdote marchou até o local de cara dura, passo firme e cajado na mão. Os envolvidos, ao o avistarem, tombaram bancos e jogaram violas e rabecas, e na carreira, alguns perderam até mesmo as alpercatas.
Uma das sambistas, estava tão bêbada e envolvida, que continuou dançando e cantando:
– Quando eu quero, eu quero é logo. Quando eu quero, eu quero é já (…).
O Padre Cícero, já bem próximo da mulher, falou em voz alta e em tom severo:
– E o que é que a senhora quer? Ande, me diga.
Assustada e com medo da pancada no espinhaço, a mulher largou mão do copo de cachaça e se prostou de joelhos, afirmando:
– E eu quero é o perdão de meus pecados, e a sua benção, seu padre.