Fachada principal da fábrica.

Durante quase três décadas protagonizando o papel de um dos maiores parques industriais de automóveis do Brasil, hoje pouco resta do conglomerado de galpões da Vemag S.A. em São Paulo, que incluía também pista de testes e pátio de armazenamento. Integrante da Organizações Novo Mundo, que tinha como principal administrador, Domingos Fernandes, a Vemag S.A. surgiu em 1952, após a junção de várias empresas, dentre elas, a representação da Studebaker no país, essa tendo sido iniciada em 1945.

A partir de 1952, a empresa passou a representar a Studebaker (caminhões leves e carros de passeio), Kenworth (caminhões de grande tonelagem), Scania-Vabis (caminhões e ônibus a diesel), e os tratores e implementos da Massey-Harris e Fergurson, como pode ser visto no reclame comercial abaixo:

Em 1955, a empresa empreendeu um dos maiores passos de sua história. Em novembro daquele ano, seus executivos foram até a Alemanha e conseguiram a licença para produção dos veículos da DKW, que já eram distribuídos no Brasil por meio de importadores independentes, mas que graças ao GEIA, programa de incentivo a indústria do governo J.K., passariam a ser nacionalizados e fabricados pela Vemag, sendo seu produto mais expressivo.

Inovadores, bonitos e resistentes, os carros da DKW rapidamente decolaram em vendas. Cabe a Vemag também a honra de ter construído o primeiro automóvel nacional (a Romi Isetta, por questões técnicas de enquadramento na legislação, não recebeu o título, apesar de ter sido lançada antes). A gama de produtos era grande, e incluía até um jipe com tração 4×4, aqui no Brasil batizado de Candango, em homenagem aos operários de Brasília, mas na Alemanha chamado de Munga, todos equipados com um diminuto, mas potente (para a época), motor de três cilindro e ciclo de dois tempos, que perfumavam as ruas em uma sinfonia característica.

Com mais de um milhão de metros quadrados, o complexo da Vemag foi documentado em vídeo por Jean Manzon, na década de 1960, como pode ser visto no fim do artigo. A Auto Union, grupo do qual a DKW fazia parte, foi adquirida pela Volkswagen, que pôs fim a produção da DKW, marca que rivalizava com seus modelos. No Brasil, a Volkswagen também absorveu a Vemag, tirando-a do seu caminho em 1967.

Atualmente, o complexo industrial foi repartido, e a área é ocupada por muitas empresas e até um shopping center, entretanto, como mostram as imagens, algumas ruínas ainda teimam em contar a história dos barulhentos e autênticos veículos alemães, suecos, e americanos que saíram daqueles galpões e ganharam as estradas do Brasil.

Vista lateral – FONTE: Google Street View
Vista do satélite – FONTE: Google Maps.

ASSISTA ABAIXO O FUNCIONAMENTO DA FÁBRICA E VEJA RECLAMES COMERCIAIS DE ALGUNS MODELOS:

amazon.com.br
Roberto Junior
Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.