FONTE: Opinião Triunfo

Com clima agradável e uma beleza arquitetônica ímpar, Triunfo é uma das cidades nordestinas mais referenciadas quando o assunto é turismo histórico, e nós fomos até lá conferir a história e os atrativos desse lugar encantador, em uma série nova de publicações sobre roteiros históricos.

HISTÓRIA DE TRIUNFO

Triunfo está encravada numa serra, que primitivamente foi conhecida como Serra Grande do Pajéu, segundo registros existentes a fls. 123, 124 e 125 do Livro de Tombo
da Casa da Torre, de Garcia d’Ávila. Em fins do século XVIII a serra da Baixa Verde, local da atual cidade de Triunfo, era arrendada pela quantia de 6$000 por ano a Domingos Pereira Pita, que depois se tornou proprietário.

No inicio do Séc. XIX, chegou a Baixa Verde o icônico Frei Vidal de Frascarolo, onde até 1803 o capuchinho manteve aldeamento de índios, tendo passado a responsabilidade posteriormente ao Frei Ângelo Maurício Niza, que em 1812 deu inicio a construção da capelinha que durante muito tempo serviu de matriz, com invocação a N. S. das Dores. Assim, cabe a frei Ângelo os foros da fundação da cidade onde ele permaneceu até falecer, em 07 de junho de 1824, após 20 anos de penosos trabalhos de catequese cristã. Com a
sua morte a aldeia ficou sem direção, dando-se a dispersão dos índios para vários pontos do sertão. Outros habitantes foram chegando sucessivamente, atraídos pelas excepcionais condições de solos, vegetação sempre verde e fontes perenes. Dedicando-se à agricultura, eles povoaram e fizeram prosperar rapidamente a extinta aldeia. O local, e mesmo toda a serra, começou então a ser conhecido por Baixa Verde.

O nome de Triunfo originou-se de uma luta ocorrida entre a poderosa família dos Campos Velhos, da cidade de Flores, e os habitantes da povoação da Baixa Verde, os quais, querendo ver o progresso da localidade, começaram com a criação de uma feira, com o que os Campos Velhos não concordaram, procurando acabá-la por diversas vezes, até mesmo com perda de vidas, mas não conseguiram. Tal fato fez com que os habitantes da Baixa Verde tratassem de sua independência, a fim de se libertar dos Campos Velhos.
Para isso, em abaixo-assinado solicitaram à Assembleia Provincial e ao Diocesano que a povoação fosse transformada em freguesia e elevada à categoria de vila, o que de fato ocorreu através da Lei Provincial nº 930, de 02 de junho de 1870, que criou a freguesia de Nossa Senhora das Dores, desmembrada da freguesia de Flores, sendo instalada pelo seu primeiro vigário, o padre João Evangelista dos Santos Lima. Essa mesma lei, em seu art.
2º, elevou a povoação da Baixa Verde à categoria de vila, com a denominação de Triunfo, celebrando a vitória que seus habitantes obtiveram contra a família dos Campos Velhos. A vila foi instalada em 08 de janeiro de 1872, pelo presidente da Câmara Municipal da vila de Flores, tenente coronel Antônio José de Campos Barbosa.
A Lei Provincial nº 1.057, de 07 de junho de 1872, criou a comarca de Vila Bela (atual Serra Talhada), constituída pelo termo do mesmo nome e pela vila de Triunfo. A comarca de Triunfo, desmembrada da comarca de Vila Bela, foi criada pela Lei Provincial nº 1.805, de 13 de junho de 1884, mas só foi instalada no dia 25 de janeiro de 1890, tendo como primeiro juiz de Direito Arthur Eloy de Barros Pimentel. A mesma Lei Provincial nº 1.805 elevou a vila de Triunfo à categoria de cidade, desmembrada da então cidade de Vila Bela.
O município foi constituído no dia 11 de agosto de 1893, adquirindo autonomia legislativa, com base na Constituição Estadual e no art. 2º das disposições gerais da Lei Estadual nº 52 (Lei Orgânica dos Municípios), de 03 de agosto de 1892, promulgada durante o governo de Alexandre José Barbosa Lima. O primeiro prefeito republicano foi Olympio Elysio do Nascimento Wanderley.

O CARIRI E TRIUNFO

Triunfo foi a terra natal de Marquise Branca,  atriz que encantou os palcos brasileiros na década de 1930, mas que desde tenra idade viveu em Juazeiro do Norte, sendo sempre associada a esta. Também foi a cidade onde Manoel Siqueira Campos, cearense de Porteiras, fez fortuna e erigiu o Cine Teatro Guarany, tendo sido responsável também por trazer do Recife o primeiro automóvel do Cariri, em 1919, sendo por isso homenageado como patrono do clube de automóveis da região.

FONTE: Governo do Estado do Pernambuco / IBGE.

ROTEIRO PELA CIDADE

O QUE COMER?

Chegamos a Triunfo no dia 13/07/19, como era horário de almoço, fomos ao Bosque Horácio Timóteo, onde existem alguns restaurantes e quiosques, estando também muito próximo a bilheteria do teleférico. A cidade estava bastante movimentada, seus restaurantes bastante cheios, e seguindo a tônica de cidades turísticas: preço alto. Vizinho ao bosque existe a Papo Burguer e Papo Pizzaria, que apesar de ser uma grande estrutura e aparentar preços altos, tem um custo benefício mais interessante que os locais que visitamos e estavam localizados no bosque e outros pontos da cidade. O preço médio das refeições varia entre R$15 e R$20. Uma coisa interessante sobre Triunfo é que há poucas opções de restaurantes, predominam os bares, petiscarias e lanchonetes.

ONDE FICAR?

Usamos o Booking como ferramente de busca, e a Pousada Alpes foi a escolhida. Custo benefício interessante, serviço e acomodações de qualidade, o único ponto negativo foi o estacionamento, mas levando em conta a localização – bem próxima ao principais pontos da cidade – vista e outros itens citados acima, eu certamente me hospedaria lá novamente. Obviamente existem outras opções, que vão variar de acordo com olhar e condições financeiras do interessado, sendo o SESC também muito avaliado, tanto no sentido de entretenimento e hospedagem, quanto no gastronômico.

O QUE FAZER?

Triunfo possui muitas atrações noturnas e diurnas. Durante o dia utilizamos o teleférico do SESC, muito bem conservador e com preços amigáveis, ida e volta saí por R$14, existindo ainda a opção de meia entrada para estudantes. O pedalinho no Lago João Barbosa custa R$10 a meia hora, mas cansa, o pato não desliza com tanta facilidade pelas águas. A cidade também possui regularmente festivais e eventos, no período em que estivemos lá vimos anúncios de vários eventos vindouros, e no nosso primeiro dia de estadia houve um festival de jazz.

O patrimônio arquitetônico de Triunfo é fantástico, e o mais interessante que observei, é que se trata de um patrimônio vivo, onde as pessoas moram e trabalham ocupando os casarões, diferente de algumas cidade históricas onde o casario está fechado e desocupado, como cadáveres aguardando sepultamento. As ruas com maior número de prédios antigos estão por trás do fantástico Cine Teatro Guarany – construído em 1922, pelo mesmo Manoel Siqueira Campos que chegou com seu Ford T ao Crato, em 1922 – são elas:

  • Rua Manoel Pereira Lima
  • Rua Padre Ibiapina
  • Rua Clementino Diniz
  • Rua João Capité
  • Rua Manoel Diniz
  • Rua Clementino Diniz

Nesse perimetro estão bens como o Museu de Triunfo, Casarão Cafeteria e Igreja de N. S. das Dores. Existem também opções de contato com a natureza, como a Cachoeira do Pinga, mas esse tipo de roteiro só é recomendado com guias, que podem ser contratados na própria pousada, onde eles deixam seus contatos na recepção. Outro locais, como a Csa Grande das Almas e a cacimba do João Neco também são interessantes, mas não conseguimos incluir em nossas visitas.

CONCLUSÃO

A cidade é muito bonita, tranquila e organizada, possui atrativos para quem busca história, arquitetura e contato com a natureza, e apesar dos preço mais elevados, um padrão para cidades turísticas, não chega a valores absurdos como em Lençóis, na Bahia. Pontos negativos para mim foram a acessibilidade, pois saindo do Cariri, quando deixamos a BR enfrentamos trechos de rodovias muito esburacadas e mal sinalizadas, e aos que utilizam de transporte coletivo, a baldeação é quase inevitável; e também o comodismo do polo gastronômico, com pouca variedade, mas muita quantidade. Apesar disso, pretendo voltar e explorar mais a região, e recomendo ao leitor que conheça esse destino tão próximo do Cariri.

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Roberto Junior
Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.