Aspecto original do imóvel durante uma das bençãos dadas aos romeiros pelo Padre Cícero. 1920´s. FONTE: Acervo de Renato Casimiro e Daniel Walker.

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A Casa Museu do Padre Cícero, equipamento cultural sediado no casarão onde o sacerdote faleceu, é para muitos romeiros, turistas e residentes em Juazeiro do Norte, a grande referência de moradia do religioso. Entretanto, dos fatos históricos relativos ao padre ocorridos naquele imóvel, o mais relevante talvez seja sua morte, tendo em vista que o mesmo teria residido ali somente alguns meses, mais especificamente, entre março e julho de 1934.

Tal afirmação só é possível graças aos apontamentos históricos de D. Generosa Alencar, antiga professora da Escola Normal Rural, memorialista de calibre, e uma das residentes na casa do padre. Segundo ela, a mudança ocorreu somente por iniciativa e persistência da Beata Mocinha, governanta da casa do Padre Cícero.

Talvez ciente de que seus dias estavam próximos do fim, o padre estava relutante em trocar de imóvel, uma vez que estava residindo no confortável casarão que pertencera ao Dr. Floro Bartholomeu, na Rua Nova (atualmente Av. Dr. Floro Bartholomeu), para onde se mudou em meados de 1928, quando foi dado início à construção do novo casarão, onde hoje está sediada a Casa Museu.

Voltando ao mote central do artigo, focarei no endereço da Rua São José – Nº126, onde hoje funciona o abrigo de idosos. O imóvel foi edificado nos primeiros anos do Séc. XX, provavelmente em 1906, em uma tentativa de desafogar a casa onde o padre residia com sua mãe e irmã, ambas já com a saúde fragilizada, e sensíveis a rotina tumultuada do sacerdote.

Por mais de duas décadas o padre residiu na simples residência. Vizinhos a ela, ele edificou parte do patrimônio da Diocese de Joaseiro, em 1909, intento não alcançado, graças a intervenção do bispo do Ceará, Dom Joaquim José Vieira, figura que nutria grande antipatia pelo padre e pela cidade.

Vista parcial da Rua São José na década de 1980.

Fatos históricos importantes, como a recepção de presidentes do estado do Ceará, jornalistas afamados, políticos de renome, e figuras como o Marechal Candido Rondon e Augusto Santa Cruz foram presenciados pelas grossas paredes da casa, hoje bastante desfigurada em seu interior, mas parcialmente preservada em suas fachadas. É ela a casa onde o Padre Cícero vivenciou as agonias dos dias de guerra enfrentados por Joaseiro entre 1913 e 1914, e tantas outras efemérides, cabendo assim, portanto, ter a si reservada maior atenção. Convido também os possíveis visitantes, a buscarem meios de apoiar com donativos o abrigo que ali está sediado, exercendo trabalho de grande relevância.

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Roberto Junior
Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.