Barbalha é reconhecidamente uma das cidades com maior número de remanescentes arquitetônicos do Cariri, majoritariamente imóveis do XIX e primeira década de XX, como a Casa Sampaio, Solar Maria Olímpia e Palacete dos Alencar, sendo a Rua da Matriz um dos principais redutos desses casarões centenários, entretanto, a pequena cidade não deixou de se render aos arroubos de modernidade do Art Déco e posteriormente dos bangalôs.

Diferente do Pimenta, em Crato, bairro com incontáveis edificações dessa natureza, Barbalha as possui em menor quantidade, hoje em sua maioria escondidos por muros altos. Todavia, na esquina da Rua da Matriz com Padre Ibiapina, vizinho ao Colégio Nossa Senhora de Fátima, o tempo foi solenemente ignorado pelo bangalô de Zeca Pimenta.

Lembro-me da primeira vez que o visitei, em 2017, ainda pintado de amarelo. Achei que tinha sido ofuscado pelo sol do final da manhã, mas me aproximei e encontrei um imóvel em excelente estado de conservação, sua varanda com arcos e ladrilho hidráulico ocupada por confortáveis cadeiras de balanço de madeira e palhinha. O jardim estava impecável, a mureta original mostrava-se impassível diante dos tempos modernos.

Fui recepcionado e tive acesso a um breve histórico do lugar, que pertencera a Zeca Pimenta, cidadão barbalhense bastante conhecido, e que naquele momento era habitado por D. Socorro, sua filha, e que infelizmente se encontrava em estado delicado de saúde, e por conta disso não pôde me atender, nem fornecer maiores informações, mas pelos relatos que colhi na localidade, e também pelos traços arquitetônicos, a construção data provavelmente do final da década de 1940, principio da década de 1950.

Atualmente o bangalô foi pintado, como pode ser vista na foto e vídeo abaixo, e aparentemente está desabitado, por conta do falecimento de D. Socorro, mas segue bem cuidado, o que indica manutenção frequente. Abaixo vocês podem conferir imagens atualizadas do bangalô.

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Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.