Mestre Pelúsio junto a uma máquina de modelo idêntico ao relógio matriz. FONTE: Arquivo de Renato Casimiro e Daniel Walker.

Pelúsio Correia de Macedo nasceu em 07 de abril de 1867, no Sítio Pau Seco, a época território de Barbalha, e era filho de Semeão Correia de Macedo e Rosa Amélia Parente Macedo.  Inserido numa família voltada aos meios educacionais e musicais (seu pai foi um dos primeiros professores do local), Pelúsio viveu seus primeiros anos numa Juazeiro que ainda não tinha, sequer, a figura do Padre Cícero, que chegaria à vila somente em 1872.

Figura próximo do sacerdote, que o ajudou a ingressar no Seminário do Crato, Mestre Pelúsio era dotado de admirável inteligência, e foi responsável por fundar a primeira escola de música, e o primeiro grande cinema da cidade, o Cine Iracema, localizado na Rua Grande (atual Rua Padre Cícero), no quarteirão entre a Rua do Cruzeiro e Rua Nova (atual Av. Dr. Floro Bartholomeu), e que durante décadas foi ponto de encontro e de apresentação, sendo objeto de um artigo futuro neste site . Tais atividades estiveram conjuntas a profissão de telegrafista, sineiro e relojoeiro.

Sobre esta última atividade, a história oral do município registrou que o Padre Cícero adquiriu um pequeno relógio, e convocou Pelúsio, que ficou responsável por desmontar o aparelho e entender seu funcionamento, buscando também conhecimento de fundição junto aos ourives. Pelúsio teve sucesso, e instalou uma oficina na cidade, que posteriormente foi incorporada ao patrimônio dos Salesianos, produzindo relógios e sinos que foram distribuídos por todo o Brasil.

São inegáveis a visão e os esforços do Padre Cícero no desenvolvimento da cidade, e Pelúsio foi um dos seus mais importantes agentes. Como forma de agradecimento, Mestre Pelúsio projetou e construiu um relógio estacionário, que além das funções normais, marcava também as fases da lua e os anos bissextos, o qual doou ao religioso. Este mesmo relógio foi depois incorporado a Coluna da Hora, localizada na Praça Almirante Alexandrino (atual Praça Padre Cícero). A dita coluna foi projetada por Agostinho Balmes Odísio, e inaugurada em 1935. Balmes era italiano, foi aluno da Escola de Belas Artes de Paris, e morou em Juazeiro do Norte entre 1934 e 1940. Pelúsio faleceu em 01 de maio de 1955, em Juazeiro do Norte. Foi sepultado no cemitério de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e deixou viúva e dez filhos.

Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.