Como este é o nosso primeiro post, permita-me o leitor, explicá-lo nosso trabalho nessa sessão de publicações, e assim, firmar entre nós um laço de compreensão. O Clube do Leitor será nosso meio de dialogo sobre as obras que abordam nossa região e sua riquíssima história; cotidianamente me deparo com novas e surpreendentes obras, que muito enriquecem a mim, ao meu vocabulário histórico, e as produções que apresento a vocês, quando dá, mas geralmente duas vezes por semana, e assim sendo, decidi criar este espaço onde apresentarei e discutirei com vocês as obras que me marcaram e que certamente virão a somar em suas bibliotecas, e também aquelas que materializam investimentos subjetivos e nem sempre interessantes. Adianto também, que abordarei aspectos que para mim, enquanto leitor, são importantes, e que podem ser significativos para vocês, como diagramação, tipo de papel e capa, disponibilidade no mercado e preço. Como post inaugural, tratarei de um clássico absoluto da História do Cariri, Império do Bacamarte, de Joaryvar Macedo.
IMPÉRIO DO BACAMARTE
Prefaciado pelo autor em 1989, o livro é resultado de pesquisas extensas e que duraram até 1976, ano em que Joaryvar Macedo engavetou os escritos e fontes, e os deixou maturar até 1990, quando foi publicado pelo programa editorial da Universidade Federal do Ceará. Escrever sobre essa obra é uma das coisas mais difíceis que enfrentei em termo de produção nos últimos tempos, pois, em primeiro lugar, sou um grande admirador do autor e da obra, e em segundo lugar, elaboro esse texto 29 anos após o lançamento, estando e sendo sujeito de um tempo e de conceitos completamente diversos dos dias que formaram o pesquisador responsável pelos escritos, o que pode atrapalhar ou privilegiar minha análise, mas isto descobriremos nas linhas a seguir.
Sobre os ditos escritos, eles seguem o tão singular estilo de produção que caracterizou a obra de Joaryvar Macedo, sempre com um pé na literatura, adornando a obra com floreios, tão em voga na época, e presentes nas publicações de autores que foram contemporâneos a ele, mas obviamente, um aditivo tem que ser feito sobre os texto de Macedo: Ele possuía reconhecida capacidade de dar vida aos fatos, sem prejuízo a fidelidade para com a pesquisa histórica.
Outro fator interessante sobre esse livro, é que ele não é apenas uma reunião de crônicas e memórias sobre o Cariri e suas cidades, como era a tônica comum do mercado editorial local até bem pouco tempo, onde as obras, apesar de muito importantes para a compreensão e aprendizado sobre nossa história, geralmente eram escritos pulverizados, onde se tem metodologia de pesquisa confusa e pouca análise dos processos históricos. Nas obras de Joaryvar, é perceptível o esmero na captação e processamento de fontes, o que é algo notável, uma vez que, apesar de possuirmos curso de História na Faculdade de Filosofia do Crato (atual URCA) há décadas, os que ali se formavam não tinha acesso ao cabedal teórico que as atuais gerações possuem, e nem sempre conseguiam executar produções que acompanhassem as obras gestadas em outros centros de formação pelo Brasil.
Em resumo, o livro é muito bom, e aborda um tema melindroso e que ainda hoje possui permanências históricas em nossa sociedade: o coronelismo. Império do Bacamarte deveria ser a obra de cabeceira dos que se interessam por tão complexo e duradouro fenômeno social ocorrido no Brasil, mas que no Cariri teve particularidades que tornaram nossa região um ponto aglutinador desses casos. Outro fator importante é a cobertura pessoas e fatos referentes a cidades fora do circuito das principais cidade do Cariri, de um modo interessante, que permite o leitor perceber como eram interligados os bastidores da política e do poder no período, sendo, portanto, uma das referências máximas do assunto no Cariri.
SOBRE O AUTOR
Joaquim Lobo de Macedo nasceu em 20 de maio de 1937, no Sítio Calabaço, em Lavras da Mangabeira, e era filho de Antonio Lobo de Macedo e Maria Torquato Gonçalves de Macedo. Teve formações nas áreas de teologia e letras, foi professor da Faculdade de Filosofia do Crato e fundador do ICVC (Instituto Cultural do Vale Caririense). Faleceu em 1991, em Fortaleza, deixando dezenas de obras publicadas, e uma lacuna ainda não preenchida em nossa historiografia.
ASPECTOS EXTERNOS DA OBRA
Como nem tudo na vida são flores, Império do Bacamarte tem lá seus pontos negativos. Em primeiro lugar, a obra foi escrita por um sujeito formado num contexto onde os textos deveriam ter erudição e palavras difíceis, e isso está presente no livro, o que requer certa paciência ao leitor dono de um vocabulário mais reduzido, o que não é exatamente um demérito para a obra, mas sim um ponto que deve ser observado e levado em conta.
Outro fator negativo é sua pouca disponibilidade do mercado, o que jogou seus preços para o espaço, não sendo incomum encontrar exemplares na casa dos três dígitos, já que ele é bastante procurado. Tal procura justificaria novas impressões da obra, ficando a dica para os herdeiros, porém, até parto em defesa, pois o mercado editorial do Cariri é uma coisa complexa e cansativa.
Para finalizar, o livro possui uma capa muito bonita, ela é sóbria, mas muito comunicativa, entretanto, na época a editora da UFC optou por fazer a impressão num tipo de folha absolutamente sem graça, muito branca, e que cansa a vista, um erro corrigido em reedições recentes de obras regionais, feitas pelo IMEPH, F. Demócrito Rocha e Waldemar de Alcântara, que empregaram papel pólen, de ótima gramatura e coloração amarelada, uma característica que espero que esteja presente em uma futura reimpressão de Império do Bacamarte. Ademais, boa leitura aos que acompanharam o texto até aqui, e que nem veio, leia o livro assim mesmo, vale todos os esforços possíveis para conseguir um exemplar.
P.S. Existem exemplares disponíveis para empréstimo na biblioteca da URCA, no Campus Pimenta.
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