“A peste e a fome matam mais de 400 por dia! O que te afirmo é que, durante o tempo em que estive parado em uma esquina, vi passar 20 cadáveres: e como seguem para a vala! Faz horror! Os que têm rede, vão nela, suja, rota, como se acha; os que não a têm, são amarrados de pés e mãos em um comprido pau e assim são levados para a sepultura. E as crianças que morrem nos abarracamentos, como são conduzidas! Pela manhã os encarregados de sepultá-las vão recolhendo-as em um grande saco; e, ensacados os cadáveres, é atado aquele sudário de grossa estopa a um pau e conduzido para a sepultura”. – Rodolfo Teófilo em “A Fome”.
O relato acima é arrasador, mas real, pertence a uma dos mais completos depoimentos sobre a Grande Seca de 1877, que assolou o Ceará até 1879, e fomentou bases para as experiências dos Campos de Concentração, postos em prática nas secas de 1915 e 1932. Os Campos de Concentração já foram tema de artigo publicado por mim, e vocês podem conferir clicando aqui .
No acervo da Biblioteca Nacional, um impactante material é prova dos horrores da seca, e da falência das políticas públicas do período. Trata-se do álbum organizado por J.A. Correa, que por hora publicamos como prenúncio do artigo que está sendo escrito.