“Para despertar os descuidados, converter os pecadores e sustentar os frutos das missões” é advertência que acompanha o título da “Missão Abreviada”, livro escrito em 1859, pelo padre português Manoel José Gonçalves Couto. Essa obra inspirou diversas práticas católicas leigas, especialmente no Nordeste brasileiro, como foi o caso de Canudos na Bahia e da questão religiosa em Juazeiro do Norte, CE.
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Um dos principais ensinamentos da Missão Abreviada estava estampado em sua capa: na ausência de um sacerdote, um leigo poderia realizar a mediação entre o povo e o sagrado: “Em qualquer povoação deve existir um Missionário (deixe-me assim dizer); este deve ser um Sacerdote de bom exemplo, e na falta d’elle qualquer homem ou mulher que saiba lêr bem, e d’uma vida exemplar” (COUTO, 1871, p.7). Essa instrução resolvia em parte o problema da falta de sacerdotes para acompanhar as comunidades mais afastadas que as Missões Populares em Portugal tentavam alcançar. As instruções do livro eram lidas em voz alta e depois era feita uma oração mental, ou seja, uma reflexão sobre o conteúdo lido. Essa metodologia foi fundante para a construção de uma experiência de leitura que transformou o cotidiano e a vida de católicos leigos, que lentamente perfurou espaços canônicos e construiu novas possibilidades de crer.
Texto de Roberto Viana de Oliveira Filho
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