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Responsável por encantar gerações, a arquitetura do bangalô de Odilon Figueiredo é até hoje uma das mais apreciadas da região. Recolhido em uma rua de pouco movimento, o imóvel vai definhando aos poucos, um resto de luxo esburacado que o acaso esqueceu de destruir.

Desabitado há mais de uma década, o imóvel ainda conserva vigilância eletrônica e internet, medidas que previnem as constantes invasões, que são muito prejudiciais. Odilon Figueiredo foi um dos mais afamados comerciantes do ramo de autopeças para veículos pesados na região, com sua loja na Rua São Pedro, ergueu um patrimônio considerável, e demonstrou excelente gosto arquitetônico, ao mandar erguer alguns dos imóveis mais bonitos da cidade.

A iniciar pelo casarão, hoje já demolido, que ficava localizado na esquina da Rua Padre Cícero com Alencar Peixoto. Construído em meados de 1942, o imóvel foi habitado por Odilon por um curto espaço de tempo, sendo depois vendido a Chico Romeiro, que por sua vez o revendeu a Dr. Mozart Cardoso de Alencar, morador que deu fama ao imóvel, tendo sido o que o habitou por mais tempo.

Posteriormente, em 1953, o Mestre Bertinho, homem de confiança do metódico comerciante, finalizou a construção do fantástico bangalô que é tema deste artigo. Com várias fachadas, alpendres e saguões, o bangalô não seguia a escola arquitetônica da região, sendo diferente dos demais. Ocupando um generoso lote, o bangalô tinha a rara vaga de automóvel, que foi durante muitos anos ocupada por um Aero Willys preto, de propriedade de Odilon.

Odilon Maia de Figueiredo nasceu em 18 de maio de 1908, em Juazeiro do Norte, e era filho de Paulo Maia Ferreira de Menezes e Aurora de Figueiredo Maia. Paulo Maia foi um dos principais membros do movimento de emancipação da vila de Joaseiro, e era irmão de Pedro Maia, ou Pedro Ayres, um dos expoentes sociais da cidade do Crato. A morte de Paulo Maia, ocorrida em 09 de junho de 1914, foi um dos crimes que abalaram a região, sendo fruto de desentendimentos de ordem política nascidos em 1856, e envolviam famílias fundadoras da região. Era também neto de Aristides Ferreira de Menezes, um dos mais destacados deputados provinciais que a região já teve.

Odilon Figueiredo em meados da década de 1950.
FONTE: Acervo de Renato Casimiro e Daniel Walker.

Falecido em 06 de novembro de 1986, Odilon deixou como uma das principais heranças, o bangalô da Rua 24 de Março, que posteriormente foi habitado por um dos seus herdeiros. Há anos o imóvel vem decaindo, a placa de vende-se já se desgastou, assim como o forro em estuque com molduras centrais para as lâmpadas, elementos que aliados ao ladrilho hidráulico e soleiras em granilite denunciavam a prosperidade financeira do habitante.

Tombado provisoriamente em 2019, o futuro do bangalô ainda é incerto, e de certeza temos apenas a sua importância enquanto patrimônio material do município, e o desejo incandescente da maioria da população em vê-lo novamente em seus dias de glória.

Vista da fachada principal.
Área lateral.
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Roberto Junior
Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.