A construção mais arrojada de Brejo dos Santos foi, sem dúvida, o chalé do Coronel Manoel Leite de Moura (11/02/1877 – 13/08/1944). Rico comerciante, empreendedor na agropecuária e indústria. Era um manso coronel, com gosto pelas letras, pela arte. O primeiro gramofone da Vila foi trazido por ele. Amante da música, mandava trazer discos do sudeste do país, encomendando-os da afamada Casa Edison. Sua casa tornou-se naturalmente um refúgio aos que se deleitavam com arte. Casou-se com Antônia Leite Tavares, constituindo uma prole de nove filhos.

Populares no piso superior do imóvel, detalhe para os lambrequins no telhado.

Ocupou o Executivo municipal entre 1929-1930, ano em que o padre Pedro Inácio Ribeiro chegou à comunidade. Para receber o novo pároco, o prefeito conclamou a população a se fazer presente a um concerto de música, oferecido pela Banda de Música Carlos Gomes.

A visão humanista do Coronel refletiu na educação dos filhos, muitos dos quais romperam os limites do Cariri, estudando nas capitais nordestinas, como Fernando Leite Tavares, grande intelectual e médico que chegou a ocupar o cargo de reitor na Universidade Federal do Ceará. Além de Fernando, também foram seus filhos: José Leite Tavares, Emílio Moura Leite, João Leite Tavares, Mário Leite Tavares, Hamilton Leite Tavares, Onezina Leite Tavares, Neuza Leite Tavares e Valdeci Leite Tavares.

Manoel Leite e Antônia Leite Tavares

O Casarão já não existe mais. É somente mais uma lembrança. Localizava-se em frente de onde hoje são os fundos da Escola Municipal Padre Pedro Inácio Ribeiro, antigo IPEC, com fundos do Banco do Nordeste. A aludida escola era um descampado, chamado de “quadro do comércio” ocupado pelos feirantes. O entorno da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus era o ponto mais movimentado da promissora urbe. De frente do Chalé, na outra ponta, encontrava-se o prédio do Paço Municipal, quase esquina com o Casarão dos Viana Arrais, iniciando a quadra do casario da abastada sociedade.
Quem passasse por Brejo dos Santos naqueles tempos, observando aquela arquitetura, admirava-se pelo progresso de sua gente.

Para Maria Oneci, Danielle Vedder e Rodrigo Cavalcanti, neta e bisnetos de Manuel Leite de Moura e Antônia Leite Tavares.

BIBLIOGRAFIA:

BASÍLIO, Francisco Mirancleide. Memórias de Brejo Santo.
LEITE, Maria Santana Leite. O Santo do Sertão
LEITE, Maria Santana Leite. Reminiscências.

Texto de Hérlon Fernandes Gomes | Adaptação de Roberto Júnior.

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Roberto Junior
Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.