Visitamos a torre da matriz de Jardim em 19 de dezembro de 2020, uma das últimas expedições daquele ano. Havia certa incerteza em relação ao relógio, uma vez que eu ainda não tinha tido acesso a fotos ou documentos acerca dele. Recebemos a autorização do padre, e fomos em busca da máquina. O madeiramento da torre está em bom estado, e o gabinete também, assim como o sino.

O relógio, entretanto, infelizmente está parado há algum tempo, e com ausência de peças. Sua recuperação é perfeitamente viável, mas dispendiosa. Também confirmei minhas suspeitas ao chegar no maquinário: ele é de Juazeiro do Norte.

Construído em 1934, nas oficinas de Mestre Pelúsio Correia de Macedo, o relógio foi adquirido com verbas de donativos ofertados pelo povo da cidade, em campanha organizada por Francisco Ancilon de Alencar Barros. Levado até Jardim em carro de boi, o relógio custou 4.200$000 (Quatro contos e duzentos mil réis), um valor considerável.

A montagem foi feita por Mestre Pelúsio, e a inauguração se deu as 09 horas da manhã de 15 de abril de 1934, após a benção feita pelo Pe. Juvenal Colares Maia, vigário daquela cidade. Reunida a população em torno da matriz, o acionamento do carrilhão batendo nove vezes no sino foi sucedido de grande festejo e foguetório.

Desejamos que em breve esteja novamente a badalar o histórico relógio da matriz de Jardim, obra do gênio juazeirense.

Abaixo, confira as imagens da máquina:

P.S. Agradecimento especial a Hérlon Fernandes, Bruno Yacub, Luiz Lemos, Márcio Silva, Adriano Carvalho, João Paulo, e todos os amigos e amigas que fizemos em Jardim (CE).

REFERÊNCIAS:

Transcrição do livro de tombo da paróquia, executada por José Márcio da Silva.

Acadêmico de História na Universidade Regional do Cariri (URCA), foi secretário geral do Instituto Cultural do Cariri (ICC) e conselheiro de cultura do Crato. Fundou o Cariri das Antigas em 2014, e desenvolve pesquisas na área de História Política e Social. Atuou como bolsista da FUNCAP no projeto "Biopoder, Saúde e Saber médico: O Hospital Manuel de Abreu e as práticas de cura e controle da tuberculose na Região do Cariri nos anos de 1970”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Egberto Melo. É diretor administrativo do Clube do Automóvel do Cariri - Siqueira Campos, sendo o historiador responsável pela edição do periódico do clube, fruto de suas pesquisas acerca da história do automóvel no Brasil, com recorte entre as décadas de 1890 e 1990. Tem como pesquisa de trabalho de conclusão de curso, a História e Desenvolvimento da Aviação no Cariri, com enfoque principal na atuação do Correio Aéreo Militar.