Em 1946, Isaurinha Garcia estourava nas rádios com um de seus maiores sucessos, “Mensagem”, composta por Aldo Cabral e Cícero Nunes; este também foi o ano em que saíram milhares de Mercury Eight das fábricas da Ford nos E.U.A, dentre eles, um conversível azul que seria importado para o Brasil, mais exatamente para o Crato.
Lançado em 1939, o Mercury Eight viria ser um dos responsáveis pela recuperação financeira da montadora norte americana, que situou a marca entre o Ford De Luxe e o Lincoln Zephyr, o que era um excelente meio termo, rápido e ágil, o modelo ganharia os lares americanos, e posteriormente de outros países, assim como também conquistaria frotas públicas e privadas. O primeiro Eight saiu com o já afamado motor V8 Flathead, que havia sido revisto e agora contava com 3.9L e 95cv, ante os 3.6l e 85cv das configurações anteriores, a carroceria também cresceu, e o carro desenvolvido sob a batuta de Edsel Ford foi um sucesso de vendas, 65.000 unidades no primeiro ano, haviam quatro opções de carroceria: conversível, cupê e sedã de duas ou quatro portas.
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O conversível de quatro portas foi oferecido apenas em 1940. Um ano depois, chegava a primeira perua: portas e laterais eram feitas com armação de bordo e painéis de bétula ou eucalipto, madeiras extraídas de uma floresta particular da Ford na Califórnia. Em 1942 o veículo passou por sua primeira reestilização, mudanças discretas na frente do carro e um aumento de mais 5cv, aliado ao câmbio semiautomático Liquamatic, formavam o conjunto perfeito para o sucesso da nova geração, porém a produção foi interrompida logo em seguida, os esforços de guerra sacudiram as mais diversas indústrias na época, e a automobilística era considerada algo vital; o Mercury Eight só retornaria ao mercado no final de 1945, com novas mudanças na frente, e a versão Sportsman, conversível, com parte da carroceria em madeira e capota de tecido com acionamento eletro-hidráulico. É
dessa geração o conversível das fotos, que foi comprado seminovo pelo relojoeiro, Tércio Morais, em 1950, e permaneceu com ele até 2017, quando faleceu, o deixando como herança para o filho, Marcelo Morais. A história de “Seu Tércio” e o Mercury se confundem com a do Crato, cidade onde sempre circulou e foi adquirido da família Almeida no nascer na nova década.
O carro que transportou presidentes, bispos e até uma Miss Brasil, hoje permeia o imaginário de muita gente, o que já rendeu até poemas e muitas fotografias. Nos Estados Unidos o modelo é símbolo de rebeldia, tal fama combinou bem com o jovem Tércio, que tinha como companheira de garagem do V8, uma Douglas 350cc, e por muitas vezes encontrou-se com os amigos aficionados por motociclismo, na época um hobby caro e considerado perigoso, para conversar sobre seus “motores” e apreciar a infinidade de modelos que encheram nossas ruas no pós-guerra.
Os anos passaram, Tércio casou, os filhos vieram, com o crescimento da família veio a necessidade de um carro mais moderno, e nos anos 1970 uma Volkswagen Brasília foi incorporada a garagem, mas o Mercury continuava absoluto, objeto de desejo dos passeios em finais de semana, e assim se mantém até hoje, encantando com sua capota abaixada e com o ronco inconfundível que só um Flathead produz.
Fotos: Roberto Júnior e Juan Dantas.
Texto: Roberto Júnior
*Com informações da revista Quatro Rodas e Ford Heritage.
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