O presente trabalho integra o campo da História da Educação Comparada, sob o prisma da
Instituição Escolar. Trata da criação e implantação do Colégio Salesiano de Juazeiro, no
período de 1939 a 1970, com o objetivo principal de comparar a sua prática educativa com o projeto de educação do Padre Cícero Romão Batista, líder religioso daquela cidade, que deixa em testamento os seus bens para a Congregação dos Salesianos, com vistas à educação escolar de crianças e jovens.
Como ponto de partida, buscamos compreender o processo de organização
da Congregação dos Salesianos, na Itália, os fundamentos teológicos, filosóficos e pedagógicos da formação intelectual de seu criador, Dom Bosco; analisar o contexto político e educacional no qual o Colégio foi criado em Juazeiro e, também, o desenvolvimento do Colégio, que se dá em meio ao embate entre um meio social, onde predomina o catolicismo popular, e o projeto de romanização da Igreja Católica que se espalhou pelo mundo.
Foi de suma importância, além da historiografia consultada, o contato com os documentos do período, em especial as Crônicas da Casa, as Atas de Reuniões do Conselho da Casa, os Relatórios Anuais, os livros de visita, as revistas, jornais e Boletins Salesianos, em arquivos e acervos encontrados em Juazeiro do Norte, Recife, Natal, Fortaleza e Roma, bem como, as entrevistas, com testemunhos e relatos de ex-professores e ex-alunos. Como resultado, encontramos evidências de que a instituição salesiana manteve sua identidade confessional católica, empenhando-se por fazer da educação um espaço de explicitação de suas crenças a respeito da pessoa humana e da sociedade. Trabalhando em parceria com um dado segmento da população da cidade, desejoso de proporcionar uma educação formal para os seus filhos, tornou-se um projeto bem sucedido de romanização em terras sertanejas, quando a juventude da cidade se apropria da nova dinâmica emprestada, através do mecanismo de circularidade cultural, que os leva a ter acesso aos conhecimentos produzidos por uma determinada cultura letrada e esta, adaptando, em alguma medida, as suas novas leituras do mundo às vivências cotidianas de uma comunidade sertaneja.
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